
Vivemos em plena guerra cultural desde há uns anos. Guerra de forma híbrida, somos nela violentados diariamente. Espiados, amedrontados, retirados da natureza, dos laços. Somos apenas produtos comercializáveis em pleno ódio mútuo. Imaginem o corpo humano, um sistema completo com os seus órgãos a eviscerar-se. O nó górdio aperta-se a cada dia. Pós 2008 estamos sob o foco de um interrogatório, sob coma induzido por drogas pesadas, à nossa volta a fáscia do fascismo cerceia-nos os órgãos vitais e os movimentos, incluindo os do pensamento e da criatividade. Por isso os artistas são tão vitais à vida. Para nos libertarem do coma, criando ficções paralelas ou originarem utopias Quixotescas. São tempos de guerra, de desgaste propositado do útero chamado terra, restando-nos uma conclusão: pode-se tirar o homem da sua natural terra e levá-lo às estrelas, mas não tiramos a natureza humana do Homem. É essa que tem de ser aprendida e dominada. É a vaidade, a ganância, o narcisismo e a arrogância que destruirão – como sempre fizeram – a paz. Neste ciclo contínuo e perpétuo de busca de desvitalização da humanidade.
Em tempos de Passagem (Peshar) para Judeus e Cristões, em tempos de destruição apocalíptica, de povos, vida e natureza, quando só temos um caminho, aquele de ressurgir e renascer dos mortos, encontremos esse caminho para fazermos a passagem – que saibamos ver a mentira, a manipulação, e bem no olho do dragão consigamos enterrar a espada de são Jorge.
Como artista – vulgo humana criativa – rezo uma só oração: não lhes perdoais senhor, porque eles sabem bem o que fazem.
Já me tocaram e sujaram, eu sigo com panos, creolina e benzina para tirar as nódoas.–
Anabela Ferreira
Deixe um comentário