
Era uma vez… há muitos milhares de anos…nasceu o primeiro mamífero que deu origem à espécie. Na era contemporânea denominamos mais ou menos Homo sapiens sapiens em evolução para Homo brutus destructus. É a humanidade em evolução para a desumanidade. Mas ainda assim restam uns humanos. Que carregam em si, nos seus sorrisos, nas suas palavras, nos seus actos e gestos e vão por aí afora mostrar que é de coragem, peito aberto, empatia e amor que se vingam do homo Brutus destructus e honram a sua espécie.
Hoje recebi uma mensagem da polícia da rede social dissociada da realidade porque interessada em desinformação e censura a dizer que a minha conta tem a potencialidade de ser suspensa e apagada e mais não sei quê, porque fui denunciada ( e novidades pode-se saber?) porque partilho conteúdo que não obedece à não sei quê da comunidade…tipo assuntos sobre flotilhas humanitárias, contra partidos da xenofobia, do racismo, entre outros assuntos que afligem a espécie e quejandos…
Então é assim dois pontos parágrafo travessão, sim sim, reclamei como reclamo na carris metropolitana, só que as reclamações caem no cesto da reciclagem ao lado dos cookies e dos ficheiros temporários. Ficam lá a absorver pó. Se me safar volto cá para continuar a minha cruzada. Se não me safar, hei-de arranjar maneira de continuar, como aquelas flores selvagens que mesmo nas adversidades rasgam o cimento, não se sabe bem como.
Termino dizendo obrigada a estes representantes do sapiens mamífero que arranjaram uns barquinhos, carregaram-nos com mantimentos e medicamentos e fizeram-se ao mar. Mediterranearam por ventos e mares navegados, em busca de moinhos de vento, munidos de uma obsessão pelo amor e pela empatia por outros sapiens-sapiens. Parece que uns já foram feitos prisioneiros. Portugueses, por coincidência. Prisioneiros daquela espécie de animais da quinta que hoje se julgam mais animais que outros. Os outros seguiram-se. Excepto um…
Serão todos deportados e os mantimentos ficarão a apodrecer. O intuito é uma limpeza étnica por meio de bombas e fome.
A história já nos contou histórias semelhantes…
Os outros humanos são os Quixotes, os Zorbas, os David. Sem estrela. Estes são aqueles que dão bom nome à humanidade.
Obrigada. A todos aqueles que andam nestes mares sociais e ruas do mundo sem perder o norte que é o da vigia atenta, para não deixar passar aqueles que pertencem ao mamífero homo Brutus destructus. Esse é o único padrão da comunidade ao qual obedeço.
Por fim, deixo umas questões sobre hipocrisia. É que o diabo deve andar ocupado a fazer trabalho humanitário.
– Alguém me explique por que razão governos reconhecem o Estado da Palestina no papel e em simultâneo apoiam o genocídio?
– Alguém me explique por que razão esses mesmos estados aceitam que esse estado que pratica o genocídio ataque e deixe sem protecção uma flotilha humanitária, em águas internacionais, que se dirige à costa de uma terra em breve vazia de gente coberta por escombros?
– Alguém me explique por que razão não se boicota, embarga e sanciona esse estado cujo processo demolidor em curso se apoia nesses outros estados que subitamente agora reconhecem o povo que está a ser eliminado nesta contemporânea solução final, mas não exige embargo e sanções e protecção a este povo?
A minha resposta: Quando o poder e os direitos políticos só para um dos lados forem abolidos. Como em qualquer regime de apartheid. Com sanções e embargo de armas, trocas comerciais e culturais. Ou seja, nem mais um níquel para o IDF!
O estado em que estamos nasceu pela mão de velhos, predadores brancos (sim, é uma ideologia profundamente racista, apoiada por racistas), com todo o poder e direitos políticos apenas do seu lado.
A continuar sem embargo e sem sanções, continuaremos a colher violência, instabilidade e mais violência, num ciclo vicioso interminável. E como sabemos, o que nasce criado por mão humana, também é desfeito por mão humana.
“Quem planta tâmaras não colhe tâmaras” , é um provérbio árabe que simboliza as sementes que hoje são lançadas – mesmo que o tempo de frutificar seja longo – irão beneficiar futuras gerações.
O futuro está a acontecer hoje com os milhões de pessoas que se fazem estas perguntas, saem à rua e pedem o fim deste império, dos conluios, das negociatas, do genocídio, fartos que estamos desta gente que se autoescolhe para fazer o papel que até o diabo recusa.
E eu mesmo sendo censurada e denunciada vou continuar a falar. Enquanto houver estrada, rio e mar para andar.
Mikeno, o único barco que furou o bloqueio da marinha israelita, comandado por um turco que chegou à praia em Gaza.
Há sempre alguém…
Anabela Ferreira
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