DEPUTADO ISRAELITA INDICA A SOLUÇÃO PARA OS PALESTINIANOS: CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO E DE EXTERMÍNIO

 

 

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Moshe Feiglin, deputado de Israel, elaborou uma proposta detalhada com uma forma de abordar o conflito em curso em Gaza, ao postar uma mensagem no Facebook onde pede para colocar todos os palestinos em campos de concentração e matando todos aqueles que resistirem.

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Apesar de sua alta posição no governo de Israel, Moshe Feiglin não é estranho ao ódio, fazendo observações violentas para com os palestinos. Enquanto Israel reivindicou política e oficiosamente a invasão de Gaza como apenas um acto de auto-defesa em resposta aos foguetes disparados pelo Hamas, Feiglin tem sido incapaz de esconder sua vertigem com a perspectiva de se readquirir totalmente a Faixa de Gaza para os sionistas através duma limpeza étnica.  Adicionando mais detalhes do plano para “remover todo e qualquer de todos os árabes de Gaza por todos os meios necessários”, Feiglin pediu ao primeiro-ministro sionista, Benjamin Netanyahu, a quem se dirigiu, simplesmente para encontrar uma área desértica que os israelitas não queiram, e aí erguerem algumas tendas e barracas e colocar ali todos palestinianos. Aqueles que recusarem esta medida, então simplesmente se deve continuar a explodir suas casas até que não sejam deixados vivos.

Ele escreve num post do Facebook (1) dirigindo-se a Netanyahu:

“Israel deve designar certas áreas abertas na fronteira do Sinai, ao lado do mar, em que toda a população civil seja concentrada, longe das áreas edificadas que são utilizadas para lançamentos e tunelamento. Nessas áreas, serão estabelecidos acampamentos de tendas, até que os destinos de emigração sejam definitivamente determinados.”

E para aqueles que resistem e lutam, acrescenta:

“Gaza deve ser arrasada com potência máxima de fogo. Todas as infra – estruturas civis e militares do Hamas, os seus meios de comunicação e de logística, serão destruídos totalmente, até às suas fundações.”

Para garantir a máxima miséria do povo palestino, ele também determina que toda a eletricidade e água devem ser cortadas aos palestinianos.

Feiglin não tem quaisquer preocupações sobre os efeitos que essas políticas teriam sobre as suas vítimas. Escusado será dizer que quase 2 milhões de refugiados palestinianos que vivessem em barracas no deserto sem energia e água, conduziria a uma massa enorme de gente a morrer de fome, de doença, à exposição e desidratação. Seria genocídio, pura e simples. Mas para este sionista declaradamente nazi que não fica atrás dos métodos praticados pelos nazistas, o Direito Internacional Humanitário não serve para nada.

Ironicamente, as leis internacionais contra o genocídio são as mesmas que foram estabelecidos em 1948 (2) , apenas três anos após um outro grupo minoritário indesejado ter sido colocado em campos de concentração e sistematicamente exterminado. Estranhamente, Feiglin ignora – ou se calhar não – os paralelos óbvios com a experiência do povo judeu que sofreu um genocídio, quando publicamente dá a conhecer os seus tenebrosos planos para fazer exactamente o mesmo.

Fieglin não quer nada mais do que a aniquilação total do povo palestino e, em seu lugar, quer ver os israelitas voltarem para Gaza. Para ele, não existe uma “solução de dois Estados”.  Ele acredita que os territórios palestinos (em Gaza, mas também na Cisjordânia) são dos judeus, e tirá-los à força não é apenas justificado, mas inevitável.

Quando a comunidade internacional abana incrédula as suas cabeças colectivas sobre as conversações de paz fracassadas que ocorrem entre os palestinos e os israelitas, vale a pena lembrar que altos funcionários de topo no governo de Israel estão activamente fazendo de tudo para que as negociações fracassem antes mesmo de começarem. O Hamas certamente não tem amor por Israel, mas Israel não é inocente e não pode apresentar-se como agredido e acobertar-se no conforto da legítima defesa. Porque Israel, goste ou não goste, é o infractor originário. Às relações entre Israel e a Palestina aplica-se, por isso, o direito da ocupação. Nem vale a pena dizer-se que já existe uma Autoridade Palestina, porque o direito de um povo a existir como Estado (e os palestinos, parece-me indiscutível, detêm-no) não depende de quaisquer razões que possa invocar aquele que de forma ilegítima o bloqueia.

Infelizmente, Feiglin não é exatamente um defensor marginal, isolado, único, em Israel, que deseja o assassinato dos palestinianos. Como a revista VICE (3) observou esta semana, desde que a guerra começou, tem havido um perceptível aumento extraordinário e preocupante do racismo violento contra os palestinianos e outros grupos árabes em todo o país, o que deita por terra a falácia e a propaganda sionista da boa convivência entre judeus e palestinianos, pois além de os actos racistas em Israel não serem criminalizados, eles são até consentidos e estimulados pelo regime sionista.

Israel nunca foi o tipo de sociedade livre e aberta, que tão dificilmente tem tentado apregoar com a sua propaganda. O racismo não começou com o assassinato de Mohammed Abu Khdeir ou o espancamento e tentativa de linchamento de Jamal Julani. “A Doutrina sionista sempre impulsionou a sociedade numa direção muito especial”, disse o acadêmico Marcelo Svirsky. Mas agora está ficando pior. “Há um fenômeno que está acontecendo agora nas cidades israelitas que eu nunca tinha visto antes, tendo vivido em Israel há 25 anos”, acrescentou.

A retórica violenta que Feiglin usa com tal vigor não está sendo atendida em Israel com desgosto, como se poderia pensar, mas sim com muito entusiasmo. A sua mensagem no Facebook – aquela em que ele pede explicitamente o assassinato em massa de palestinos – tem atraído mais de 8.000 “likes”. Muitos na secção de comentários louvam Feiglin como um herói. Alguns vão tão longe a ponto de esperar que ele se torne o próximo primeiro-ministro israelita – o que é bastante revelador.

A ideia de que os campos de concentração e extermínio em massa não é apenas abertamente elogiado em Israel, mas apoiado, deve ser terrível para todos os que lutam por uma sociedade justa e sem violência. Afinal, Israel – um país que literalmente nasceu da tentativa de genocídio – deve saber melhor do que ninguém o quanto é terrível a perseguição étnica. Quando dizemos “nunca mais”, sempre tomei em linha de conta que significa “genocídio contra ninguém”. Pelo que se observa, muitos como Feiglin sentem que devia haver uma excepção a essa regra quando se trata de pessoas que não gostam e sobre as quais foram educados e ensinados a odiar desde crianças.

1461653_624576324254724_812985245_nTodas estas declarações de Moshe Feiglin acontecem depois de Ayelet Shaked, também deputada sionista e legisladora, ter apelado ao governo israelita e publicamente no Facebook, “à morte de todas as mães palestinianas” por terem “dado à luz serpentes”, e por isso deviam ser exterminadas para que “outras pequenas serpentes não nasçam” (4).

(1) https://www.facebook.com/MFeiglin/posts/695450140534104

(2) http://www.preventgenocide.org/law/convention/text.htm

(3) http://www.vice.com/read/israeli-racism-gaza-kleinfeld-511

(4) http://www.elciudadano.cl/2014/07/18/109286/diputada-radical-israeli-pide-que-sean-asesinadas-todas-las-madres-palestinas/

g Info a 4 de Agosto, livremente traduzido e ao qual acrescentei outras referências e informações, podendo ser lido aqui na íntegra :

http://www.addictinginfo.org/2014/08/04/israeli-deputy-speaker-proposes-solution-for-palestinians-concentration-camps-and-extermination/

Por Telmo Vaz Pereira

 

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