Ouvir o anúncio do Novo Banco é um exercício de paciência pouco recomendável.
«Se passar por um dos balcões do N.B. que já mudaram, vai ver que temos uma nova imagem. O que não vai conseguir ver é o que está cá dentro»…
Bem, até aqui, estamos de acordo. Aliás, ao que parece, nem o próprio regulador conseguiu perceber o que estava lá dentro…
«Para isso vai ter de falar olhos nos olhos com cada um de nós e ouvir que a competência, a experiência e a dedicação que o fizeram entrar pela primeira vez no seu balcão, continuam, e vão continuar a fazer parte de nós e da nossa relação consigo…»
É aqui que o anúncio de rádio do novo banco me suscita aquela hilaridade incontinente que não suscita a ninguém que tenha perdido uns milhares de euros das escassas poupanças de uma vida, nos investimentos ruinosos recomendados por esses mesmos funcionários, antes do banco velho, agora, do novo banco, alegadamente, bom… É que, segundo aquele senhor do sindicato, os trabalhadores do BES vendiam “produtos” do GES, sem saber rigorosamente nada sobre os mesmos, senão a suposta “credibilidade” decorrente da “imagem de marca” do banco, que lhes era abstrusamente transmitida pela hierarquia intermédia que, por falar nisso, também se manteve intacta.
Entretanto, um grupo de 120 accionistas deu entrada de uma acção judicial que visa a anulação da decisão de resolução do BES… É pelo menos o 3º pedido deste género que dá entrada no Tribunal Administrativo de Lisboa, considerando inconstitucional a divisão do banco em “bom e mau”… A divisão não é portanto um dado adquirido e consequentemente, a solidez do novo banco, ou sequer a sua existência num futuro próximo, também não (fica a dica…).
Por falar em estabilidade do sistema financeiro, parece que o BCP chumbou nos testes de stress do Banco Central Europeu. 98 milhões de euros acumulados no mês de Setembro e Nuno Amado diz que, se os testes fossem feitos hoje, o BCP passaria com certeza… Já o BPI e CGD parece que passaram nos tais testes, não obstante o anúncio de 114,3 milhões de euros de prejuízo do BPI, nos três primeiros semestres, o que contrasta com os lucros de 72,7 milhões registados em igual período de 2013. Já no caso da CGD, parece que saltou debaixo de uma pedra mais uma dívida de uma empresa qualquer do Espírito Santo que poderá gerar perdas de 114 milhões de euros, que afinal poderão ser 300 milhões.
Está portanto tudo bem. O Banco de Portugal já veio informar que CDG, BCP e BPI têm “níveis de capitalização adequados“ e todos sabemos que o Banco de Portugal não costuma falhar…
http://www.novobanco.pt/…/novoba…/novobanco_colaboradora.mp3
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