Os barracões da morte do Hospital Amadora Sintra

A doente esteve internada para fazer uma cirurgia que correu muito bem e apanhou uma infeção hospitalar que sempre diagnosticaram como uma infeção urinária porque urinava muito.
Tomou antibiótico endovenoso e ficou internada três semanas. Curada, disseram eles.

Teve alta. Poucos dias depois de estar em casa recomeçou a urinar muito. O médico de família mandou-a fazer análises á urina e no dia a seguir a estarem prontas, ele veio ao domicílio viu a doente e as análises que acusavam uma infeção hospitalar que dá pelo nome de ” Pseudomonas aeruginosas”, que no caso dela só podia ser tratada com antibiótico endovenoso, já que era alérgica ao único antibiótico oral a que a bactéria era sensível.
O médico chamou o 112, explicou o que ela tinha e prontamente vieram e a levaram para o mesmo hospital munida das análises.
No hospital foi logo isolada porque a bactéria é contagiosa e o médico da urgência explicou lhe que o contagio passava-se através da urina. A fralda tinha que ser posta com luvas e depois as mãos lavadas e desinfetadas.
Deu – lhe como alternativa ser internada em casa onde todos os dias viriam enfermeiro e médico e ficava com uma máquina que todos os dias era programada para injetar antibiótico. Podia ligar para um número de telemóvel durante vinte e quatro horas. Traziam fraldas e resguardos. Tudo perfeito.
Para além do excesso de urina tinha mais sintomas: dor de ouvidos e garganta e de barriga. O que não lhe explicaram é que podia ter uma infeção respiratória, e, ela tem DPOC – doença pulmonar obstrutiva crônica.
Portanto, no dia em que acabou o antibiótico o médico – Dr Rui Osório -veio para lhe alta mas perante a tosse e expetoração dela, achou grave e levou-a para fazer exames. E lá ficou ela internada em medicina nos infecto contagiosas com mais outro antibiótico endovenoso, bronco dilatadores e corticoides.

A doente já teve cancro no pulmão.
Muitos dias depois fez um raio x e estava tudo bem. Teve alta.


Uns dias depois recomeçou a urinar muito e a história repetiu-se. Médico de família, análises e a mesma infeção hospitalar.
O médico de família foi mais uma vez ao domicílio, ligou para o número de internamento em casa e disseram – lhe que tinha que enviar um email.
Dois dias depois sem qualquer resposta, um familiar da doente ligou para esse mesmo número e disseram lhe que só tinham doze equipas para internamentos domiciliários e estavam todos ocupados. Que seria negligência não a levar de imediato á urgência.


Com a autorização do saúde 24 lá foi ela de ambulância para a urgência.
No dia 23 de janeiro foi atendida na triagem entre as 17h e as 17,30 por uma enfermeira nova e obesa (esta descrição não é ofensiva, simplesmente o familiar não viu o nome mas pode identificar a senhora)
A doente tem 87 anos estava na marquesa porque desde que foi operada perdeu a mobilidade e foi a familiar a explicar tudo, mostrando-lhe às análises e pedindo que visse o historial dela no sistema. Ela não viu e pôs uma pulseira verde á doente. Não era grave. Eram só 10 horas de espera. A doente continuava a urinar mais do que a água que bebia.
A familiar disse lhe que era uma infeção apanhada ali que ela saberia a gravidade se visse no sistema e chamou – lhe má profissional. A enfermeira levantou-se apareceu por traz com uma tesoura na mão, cortou a pulseira á acompanhante e disse-lhe que a doente entrava sozinha. E levaram-na para o barracão. (Antigos contentores dos doentes com covid)
A familiar dirigiu se á receção e pediu o livro de reclamações. A funcionária pediu – lhe que fosse a um gabinete que lhe indicou.
Era o gabinete do cidadão onde tudo foi explicado, chamada a enfermeira chefe e reposta a pulseira de acompanhante á familiar que deu as análises á enfermeira e quando chegou ao pé da doente já a tinham isolado.
A familiar ao fim de um tempo foi embora.
No dia seguinte fica a saber que durante toda a noite a doente urinou até ficar desidratada porque pediu muitas vezes água e nunca lhe deram. Nunca viu qualquer médico nem lhe fizeram qualquer tratamento.
De manhã, disseram-lhe que a filha estava lá fora e que tinha alta, era só tomar aquele comprimido. Deram – lhe um comprimido de amoxilina (antibótico) que lhe provocou um choque anafilático. O oxigénio desceu para 60 e ia morrendo. De destacar que toda a vida tomou este medicamento e nunca fez alergia e que a bactéria atrás descrita não era sensível aquele medicamento. A filha não estava lá fora e não tinha alta.
Quando a familiar entrou no SO ela estava com uma máscara, oxigénio, tensão arterial 70/50, e todos os valores descontrolados mas. Mesmo assim como é pessoa muito lúcida conseguiu contar tudo. muito devagar.
Médicos no SO no dia 24 não havia. Foi a primeira atitude da familiar foi querer falar com um médico. Apareceu mais tarde a Dra Rita Ribeiro a quem a filha mostrou as análises no telemóvel porque estava admirada de a ver sem antibiótico mas, foi logo chamada para uma reanimação e a conversa acabou. Ligou mais tarde á filha a quem explicou que ela fez alergia a um antibiótico e por sua vez a filha, explicou a razão daquele internamento e a ausência de tratamento. Pediu á filha que levasse as análises em papel. Levou e como ela não estava entregou a outro médico de quem não sabe o nome mas que reconhece se for preciso e pediu que entregasse á Dra Rita.
Davam- lhe antibiótico oral, e uns dias depois mudaram-na para o SO 6 onde lhe fizeram analises e já tinha outra bactéria e duas semanas depois deram – lhe alta.
As folhas da alta são várias mas o internamento dela começa a dia 24 e cita que ela foi internada por causa de um choque anafilático. O dia 23 desapareceu misteriosamente. Mas ela pode provar que foi internada a 23.
Naquele barracão há de tudo. Auxiliares a dizerem aos doentes que se não estão contentes que vão para o privado. A dizerem que não têm cobertores quando os idosos pedem e a fazer-se surdos para darem água aos doentes. Sujeitos a morrer desidratados.
Nunca naquele internamento se falou de infeção hospitalar. E continua á espera de uma consulta para confirmar se agora é alérgica á penicilina.

Por último foi foi mandada para casa toda nua, embrulhada num lençol, descalça e transportada pela ASFE que teve o cuidado de ligar para a família a pedir que levasse um agasalho á ambulância porque estava frio. A roupa dela mandaram para a desinfeção em vez de entregarem aos familiares que todos os dias iam á visita.

Luísa Silva

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