O que queremos? Normalizar o fascismo e negar a humanidade por conta de um bilhete de identidade?
1 – Não há imigrantes a mais. Esses fazem o trabalho que tu não queres fazer (e emigras para outro lado qualquer para o fazer). Eu sou uma delas.
Nota: Os imigrantes pagam impostos, a tua segurança social e reforma.
2 – Não esquecer que quase todos os imigrantes são explorados. Há sim redes de gente sem escrúpulos, corrupta, que beneficia, esses nunca são punidos. Um grande número de imigrantes vive em condições sub-humanas.
Nota 1: Podias ser tu. Se calhar és tu. Ou alguém da família. Ou amigo. Ou já foste tu, quando um dia emigraste com a mala cartão (ou a LV comprada na feira), a fugir do fascismo, da fome, de perseguições políticas, da guerra.
Nota 2: Estas regras não se aplicam aos imigrantes ricos. Esses vivem bem acima das tuas possibilidades e muitos incentivam no voto contra os outros imigrantes. Dizem-se evangélicos…são trumpistas e bolsonaristas, claro. Estão ofendidos com quem lhes quer retirar privilégios.
3 – Imagina tu que um dia passado deste de caras com as terras deles, ricas como a tua nunca foi nem será, lhes invadiste a casa, roubaste a terra, assentaste praça e criaste por cinco séculos toda a desestabilização possível. Recebeste bilhete de identidade.
No presente ajudas a fazer golpes de estado, a trazer ditadores ao teu serviço para criares caos nesses lugares. Toda a Europa o fez por cinco séculos. Agora diz-se invadida? Ou vai buscar o exemplo da América do Trump?
Nota: Tens aí o karma sob a forma de imigração descontrolada, indocumentada, sem qualquer lei, como te queixas. Só para os pobres, evidentemente.
Podes em boa verdade queixar-te? Retórica. Resta-te criar formas de apoio e justiça social e direitos a esses todos que te pagam a Segurança Social nesta que é uma terra pobre, envelhecida, albergue de muitos corruptos e ladrões, que não são nem ciganos nem pretos, nem imigrantes.
4 – Tudo está pensado para criar caos, medo e ódio. Os três divisores comuns. Até na Educação. Para estares tão embrutecido que reajas apenas com os instintos primários. Aqueles lá de trás na evolução, de quando eras apenas uma presa à mercê do predador.
Hoje esses fantoches já não precisam de golpes militares, nem de armas para se impôr. Conseguem ganhar com votos, desinformação nos média,e nas redes, com bots, manipulando algoritmos, pelos Árabes inventados.
Nota: Então estás-te a queixar de quê? Percebes a quem deves dirigir a tua fúria?
Quem financia com dinheiro sujo, usa palhaços carregados de preconceitos, narcisistas precisando de validação, na posse de truques baratos, sem pejo de tratar por tolos aqueles que se deixam enganar – os desconsolados, os ressentidos, os embrutecidos, gente que desistiu de pensar, gente só emoção, perdida que está a razão. Por tudo isto não é à jugular do imigrante que deves mirar.
5 – O que te falta é justiça, direitos iguais para qualquer ser humano e claro: Memória. A tirania está com um pé na porta aberta e usa-te. Quem te disser o contrário está apenas a promover os divisores comuns da equação. E tu que és tolo, comes o bolo.
Nota: Se fores pobre e vulnerável, se dependeres do trabalho (ou da reforma) para pagares o que é essencial para a vida humana, se o Estado deixar de funcionar, se tudo estiver privatizado, se tudo for uma grande amazon ou uma grande uber (ou qualquer outro) quem beneficia?
Eu sei que há muitos como tu, que apenas ouve a sua voz ecoar na interjeição, mostrando as suas verdadeiras cores. Sim, os brandos costumes não se aplicam.
Post scriptum – Em menos de nada, entra o caos, a tirania, o radicalismo em nome de um nacionalismo. Ir-nos-emos comer uns aos outros. Sem dó nem piedade.
Ou percebes que o que está em jogo é a defesa da dignidade da vida? E para com essa os fascistas estão-se nas tintas. Incluindo a tua.
Epílogo: Se fores pobre, imigrante, mulher, homossexual, chocolate preto, chocolate de leite, cigano, deficiente, velho, ou de uma qualquer religião, cuidado.
Batem forte, fortemente. Fui ver – não era gente, gente cristã não bate assim. Era a tirania de mão dada com a banalidade do mal. E com a aprovação do Tribunal Constitucional.
Anabela Ferreira
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