Descartes ensinou-nos que como reflexo do pensamento, a capacidade ou arte de duvidar é a única que conduzirá à verdade possível da existência.
Que fazem os Estados nesta Era de milícias?
O que acontece quando destruímos o Estado – que criámos no período da Razão, nascida no tempo em que a Religião deixou de ser o centro da vida – essa Instituição colectiva de protecção aos mais vulneráveis (em particular) e o vendemos aos e nos mercados, para que este viesse a deixar de ser uma pessoa de bem tornando-se uma milícia autoritária e terrorista, formadora de milícias, como forma de reacção ao total abandono dos seus, matando e torturando?
Nesta quase experiência de vida como seres de carbono, oxigénio, água e pó de estrelas, somos o caos do universo a aguardar que alguma ordem nasça, num tempo novo?
Deixámos de ser capazes de pensamento, de formar Estados justos, deixámos de duvidar das nossas melhores capacidades para chegar a uma verdade indesmentível de que cada vida importa?
Somos agora, nesta era miliciana de justiceiros solitários, de Estados moribundos e incapazes, transformados em Estados-terroristas, baseados na força das suas polícias, apenas seres doentes, ressentidos e semi-loucos em busca de vinganças pequenas?
Ou seremos capazes de crescer – como o demonstram os povos do Chile à Catalunha, da Guiné-Bissau ao Haiti, dos povos indígenas ao povo Curdo, do Iraque ao Líbano, de Hong-Kong a Paris, dos Gregos aos Rowinga?
De sermos todos e cada um deles cada um apoiando o outro numa cadeia de evolução sucessiva?
Estas demonstrações globais de luta contra as hienas com sangue nas mandíbulas – os Estados – somos nós em defesa de nós.
Fomos raptados e violentados, estamos agora a acordar das drogas violentas no sistema que nos levaram a esta pandemia. Lutamos com forças intestinas para nos libertarmos.
Não há outra forma de derrotarmos o instinto predatório a que nos sujeitamos voluntariamente como se fôssemos cobaias de um estudo científico.
Ficarmos a observar hipnotizados as hienas desfazerem-se dos restos mortais das suas presas (nós), enquanto se riem, é um acto de cobardia.
Deveríamos estar hoje juntos a combater estes Estados – hienas ensanguentadas e as hienas – milícias suas filhas.
Porque as hienas não dormem. São cruéis e temos provas da destruição pensada e provocada.
Compraram todo o sistema nascido na Era da Razão. Compraram a Justiça, a Saúde, a Educação e transformaram em suas milícias as prostitutas que se venderam.
Os Estados-milícias-hienas provaram querer destruir a vida e os recursos naturais, da Amazónia à Sibéria, passando pelas oliveiras do Alentejo à Grécia.
O lucro é o objectivo. Manter o poder é a sua guerra.
Talvez eu não faço sentido, tal como nada nesta Era sem Razão nem Humanidade ou Religião faz sentido, em nenhuma parte do globo. Porém toda a luta que cruza as linhas da informação global à velocidade da luz faz sentido.
Os povos que hoje se levantam de debaixo do chão e se defendem dos Estados milícias seus inimigos, são os escravos do navio Amistad.
Mentiram-nos, roubaram-nos a vida, roubaram-nos o centro e a essência, só existe um caminho, a revolta e a libertação. De regresso à Era da Razão. Ou qualquer outra que faça justiça à evolução.
Se se lembram, quem ganhou a guerra no navio negreiro Amistad foram os escravos.
Anabela Ferreira
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