França foi, na passada semana, alvo dum “atentado terrorista”. Um individuo, francês de origem marroquina ia pela estrada quando viu dois indivíduos dentro dum carro, matou um deles e deixou outro às portas da morte, levou o carro encontrou 4 indivíduos a correr e disparou contra eles, barricou-se num supermercado e acabou morto pela policia não sem antes ter assassinado um oficial do exército francês que se ofereceu para trocar de lugar com uma refém.
Agora vamos fazer um pequeno exercício, vamos trocar todas as palavras que identificam países e nacionalidades e escrever o mesmo texto com se nos estados unidos este drama se tivesse passado:
Os estados unidos foram, na passada semana, alvo dum “acto tresloucado”. Um individuo, americano de origem marroquina ia pela estrada quando viu dois indivíduos dentro dum carro, matou um deles e deixou outro às portas da morte, levou o carro encontrou 4 indivíduos a correr e disparou contra eles, barricou-se num supermercado e acabou morto pela policia não sem antes ter assassinado um oficial do exército americano que se ofereceu para trocar de lugar com uma refém.
Por vezes torna-se difícil diferenciar o que é um atentado terrorista do que é um acto de loucura. Não é que entre um e outro existam grandes diferenças, os autores de uns e de outros são ambos doidos, sendo que os terroristas, especialmente aqueles que acreditam ir encontrar 72 virgens, são ainda mais malucos.
A forma simples de diferenciar o que é um acto dum louco daquilo que é um atentado terrorista é, afinal, muito simples. Usemos o oceano Atlântico como referência, se estivermos virados para o polo norte tudo o que se passa do lado esquerdo são actos praticados por malucos, tudo o que se passa do lado direito são actos praticados por terroristas.
Entenderam? É simples, não é?
Vamos a mais um exercício para melhor se compreender o conceito que diferencia os malucos dos terroristas:
Nos estados unidos um individuo, fortemente armado entra numa escola e começa a disparar indiscriminadamente matando quase duas dezenas de inocentes. As autoridades declaram que se tratou dum acto praticado por um individuo com graves perturbações mentais.
Transportemos agora o mesmo cenário para o lado direito do atlântico:
Num país europeu um individuo, fortemente armado entra numa escola e começa a disparar indiscriminadamente matando quase duas dezenas de inocentes. As autoridades declaram que se tratou dum acto terrorista.”
Podemos ir ainda mais longe nestes exercícios que visam entender o que são actos praticados por malucos e actos praticados por terroristas. Usemos agora duas situações reais, sem recurso a alteração forçada de locais.
No lado esquerdo do atlântico:
Em agosto de 2017, em Charlottesville nos estados unidos, um individuo conduz um carro contra uma multidão matando uma pessoa e deixando 19 feridas. É um maluco racista que desta forma protesta contra pretos, gays e emigrantes.
Do lado direito do atlântico:
Em março de 2018, em Londres no reino unido, um individuo conduz contra a multidão matando 4 pessoas. É um terrorista com razões fundamentalistas e à procura das 72 virgens que o esperam.
Podemos ficar dias e dias a fazer estas comparações, vamos chegar sempre a conclusões similares, o que se passa dum lado do atlântico é loucura o que se passa do outro é terrorismo.
Por razões mais que óbvias não dá jeito nenhum aos patronos e promotores do terrorismo, aqueles que têm formado todos os líderes terroristas, reais e fictícios, terem terroristas dentro de casa. Pelo contrário, é de extrema utilidade continuarem a agitar o fantasma do terrorismo na europa para, dessa forma, continuarem a saquear outros países, continuarem a manter o dólar como a moeda que gere o mundo e a empurrar com a barriga o facto de que a sua moeda não vale o papel em que é impressa desde a década de 40 do século passado, quando Nixon resolveu começar a fabricar moeda falsa ao abandonar o padrão do ouro que suportava a moeda produzida.
Voltemos a França, o “terrorista” acorda pela manhã, faz as suas orações, lava-se e encomenda as virgens, sai porta fora e vai andando até encontrar um carro fácil de roubar, dá uns tiros pelo caminho e barrica-se num supermercado. Tudo isto faz sentido, certo? Não, não faz! Nem sequer pelo facto de o alegado terrorista ter também alegadamente dito que fazia parte do estado islâmico nem sequer pelo facto destes terem dito que era um atentado.
Um atentado terrorista é um acto de guerra, estúpida, doentia, fundamentalista, mas, na cabeça dos terroristas, uma guerra contra algo ou contra alguém. Os actos de guerra, os ataques militares, são minimamente preparados não são praticados por obra do acaso. Não acontecem caso se consiga ou não roubar um carro! O alvo é identificado, é feito o levantamento dos meios necessários para atingir o objectivo, os meios são preparados e o ataque executado.
Terrorismo é uma coisa, malucos são outra coisa e, pelo simples facto de que os terroristas serem malucos isso não significa que os malucos sejam terroristas.
Encarar todas as situações como actos de terrorismo tem apenas um objectivo e uma consequência, alimentar e potenciar o ódio entre os povos, alimentar e potenciar uma sociedade cada dia mais xenófoba.
Jacinto Furtado
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