Já sofri bullying na escola (” preta da Guiné lava a cara com xulé” entre outras piadolas generosas e comoventes) que não me permitiria ser des- empática para com um menino de 17 anos de linhagem nobre (ainda primo do Infante negreiro D.Henrique), que grita inefável da tribuna de um jornal elitista/direita/nobre ” não têm pão,comam brioches”.
Menino, por que caminhos anda a sua educação esmerada nos Maristas ou na Suíça?
Não lhe ensinaram que cortaram a cabeça à sua prima Antonieta quando esta fez bullying com os não priveligiados?
Não lhe ensinaram – na Igreja que frequenta, na capela privada da quinta de família – que Jesus desceu do alto da sua ascendência ( ser filho de Deus não é coisa pequena), além de mestiço era pobre, adorava andar no meio dos favelados do deserto, de chinela no pé, túnica sujita e em segunda mão, a pregar contra os que faziam bullying? Pois… que grande falha na sua educação.
Que a Greta faça bullying aos priveligiados donos das minhas refeições, da educação, da saúde e da justiça, aceito e junto-me para lhes cortar a cabeça.
Que o menino patético o faça contra os que lhe permitem ter cabeça, mesa, educação,saúde e justiça privada aborrece-me e sinto empatia para com aqueles que lhe gritam”cadafalso”, nem tendo o menino dois cabelos de barba.
A sua liberdade de expressão e a minha estão ao mesmo nível de igualdade porém os privilégios não. Logo, ter empatia e educação( coisa desconhecida também da sua prima Antonieta) reduzindo-se ao silêncio, ficar-lhe-ia bem. Elegante até.Mas ser pequeninos deve estar-vos na massa do sangue.
Faz-me lembrar aquela senhora (se calhar sua tia) que não via razão para pobres comerem bifes.
Sei lá. Falo assim porque sou da sanzala em conta bancária, mas do palácio em educação, enquanto o menino, não. Caturreira!
Anabela Ferreira
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