Pode um País abandonar os seus cidadãos às mãos da fúria sanguinária de ditadores cleptocratas?
Pode, desde que esse país seja Portugal e o ditador José Eduardo dos Santos!
Chama-se Luaty Beirão, tem 33 anos, é português e, como uma desgraça nunca vem só, é também angolano, não há duas sem três, foi ilegalmente preso em Angola por vontade do Régio Cleptocrata que, como todos os ditadores em fim de vida, começam a ter visões e a ver conspirações e rebeliões em todo o lado.
Luaty Beirão teve outro azar na vida, caiu nas mãos do tirano numa época em que o governo de Portugal se vergava subservientemente às taras e manias do poder do dinheiro, sem querer saber da sua origem, sem querer saber quantos morrem de fome, quantos morrem por falta de assistência, quantos não sabem ler nem escrever porque toda a riqueza do seu país é roubada.
Certamente não estão admirados com esta atitude antipatriótica do defunto governo português. Foi uma época em que o governo vendeu o país a retalho, uma época que aproveitaram para engrossar contas bancárias e para conseguirem nomeações regiamente pagas para os caciques do aparelho.
O argumento utilizado por Rui Machete, o ainda ministro dos negócios estrangeiros, é por si só bem revelador da subserviência do estado ao poder de Angola. Argumentar que como Luaty Beirão tem dupla nacionalidade e está em Angola, apenas vai acompanhando, com preocupação, o que se passa é bem elucidativo da postura de um governo que nunca o foi, de um estado soberano que já não é.
Luaty Beirão corre risco de vida após quase um mês de greve de fome e após mais de três meses de prisão, juntamente com outros 16 jovens, são acusados de conspirarem contra o governo, são acusados de prepararem uma rebelião.
Talvez se interroguem sobre a razão do silêncio da comunicação social portuguesa, talvez se interroguem sobre a razão que os impede de denunciar os crimes cometidos pelo ditador cleoptocrata. A resposta é simples, os órgãos de comunicação social de Portugal, grande parte deles, estão nas mãos de caciques do regime, os que não estão dependem para viver das verbas publicitárias de empresas detidas por caciques do regime, desta forma, simples, controla-se a informação, condiciona-se e manipula-se a opinião pública.
Quem cabras não tem e cabritos vende de algum lado lhe vem.
Esta frase, retirada dum sapiente acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa é justamente empregue aos cleptocratas de Luanda. Vamos lá recuar até à década de 70, altura em que de forma criminosa os territórios ultramarinos, convenientemente chamados de colónias pelos imperialistas americanos e russos, foram abandonados, sem o menor respeito pelo interesse nacional, sem o menor respeito pelas populações. Quando Portugal abandonou os territórios ultramarinos, abandonou também todo o património que lá tinha a que se juntou o património privado com os que foram espoliados com a, chamada de forma politicamente correcta, descolonização.
Não consta que os Santos e os Santinhos tivessem fortunas no tempo do “colonialismo” o que nos leva à seguinte questão, se todo o património, se todas as riquezas ficaram na posse do estado angolano, como é que o estado está depauperado e os Santos e os Santinhos bilionários? Lá está, explica a sapiência do desembargador “quem cabras não tem e cabritos vende de algum lado lhe vem”.
Ao longo de décadas assistimos impávidos às violações dos direitos humanos, assistimos impávidos a lavagem de dinheiro feita através da compra de interesses em Portugal, assistimos impávidos e serenos ao enriquecimento de alguns facilitadores da lavagem.
Não será chegado o momento de exigirmos a reposição da legalidade? Não será chegado o momento de exigirmos o respeito pelos direitos humanos? Mais importante que tudo, não será chegado o momento de exigir ao estado português que seja, de facto, pessoa de bem e proteja por todos os meios os seus cidadãos?
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