CR7 violou ou não?

“Usei as mãos para me proteger. Gritei  NO NO NO NO NO NOOOO continuamente e implorar que parasses”. No final, depois de 5/7 minutos de penetração anal, Ronaldo disse-lhe que “99% das vezes ele é boa pessoa mas que não sabia o que tinha acontecido ao 1% em falta”. Este é parte do relato na carta escrita por Kathryne Mayorga que consta no acordo entre as partes e agora conhecido pela investigação da revista Der Spiegel . Irá constar como prova. A partir de todos os documentos que li passei a ter muitas dúvidas. Favoráveis à vítima.

Quem acusa tem o ónus da prova. Logo a vítima. Uma vitima de violação é sempre desacreditada, posta à prova, vexada, humilhada nos interrogatórios, no tribunal, é despida e violada vezes sem conta se leva o perpetrador a tribunal.

Este limita-se a preparar a sua defesa. Não lhe sai do pêlo a menos que entre num acordo extrajudicial. Foi o caso – muito comum nos EUA – de Cristiano Ronaldo com a mulher que o acusa. Os acordos extra-judiciais por norma são feitos para que as vítimas se calem,para não exporem os perpetradores porque lhes causará sérios danos nas suas carreiras e na sua idoneidade. Compra-se a vítima. A vítima ao aceitar, aceita ser comprada com o silêncio.

Não quer dizer que os factos não ocorreram. Muito menos a violação. Mas podem também não ter ocorrido como diz a “suposta” vitima.

A vítima deste caso relatou horas depois o caso à polícia e fez tudo o que devia fazer: foi ao hospital e as provas de violência sexual anal foram retiradas e juntas ao processo. Havia matéria criminal para investigação e processo. Inicialmente Ronaldo confirmou os factos relatados na carta. De seguida entra o acordo extra judicial e Ronaldo diz que foi consensual. No auge da sua carreira, ser levado a tribunal com aquela queixa seria o desastre completo para a sua reputação. Os casos de violação são difíceis de provar,todos sabemos e já todos vimos muitas séries de CSI e Lei e Ordem- SVU mas ninguém se quer ver envolvido num caso destes, público e em tribunal, com  possibilidades de prova e condenação. Paga para que não se saiba.

Também sabemos que de oportunistas está o mundo cheio que por um punhado de moedas vende a mãe, os filhos e até a alma perante crimes abjectos como este. Dos dois lados.

O novo advogado da mulher diz agora que a vítima não estava em condições psicológicas para saber de facto o que estava a assinar.

Facto: entre o poder de um e o poder de outro sabemos quem domina quem.

Se um homem fisicamente dominante me subjuga – mesmo que eu tenha entrado num jogo de sedução – eu grito para que pare e ele não o faz e em vez disso estando eu a tapar o meu sexo, me penetra no ânus eu chamo-lhe violação. VIOLAÇÃO. Não um jogo sexual entre dois adultos que consentem qualquer brincadeira de cama.

Se ficar provada a violação, deve o Cristiano Ronaldo pagar caro. Se ficar provada a oportunidade saloia para vir a receber uns milhões, pois que seja exposta e reposta a verdade. Para que não se brinque nem banalize o crime de violação.

Li muito atentamente a actual reportagem – e a anterior também – feita pelo Der Spiegel com base em documentos da Footleaks. Os factos são estes. É a Der Spiegel que lança o caso 9 anos depois e leva a vítima e o novo advogado a apresentar nova queixa.

A vítima ao escrever a carta – à data dos acontecimentos – diz que pretendia que o Cristiano Ronaldo ficasse a saber porque razão ela aceitava o silêncio. Para que ele nunca mais repetisse o seu 1% de malignidade. Calar-se não era uma forma de justiça (segundo as suas próprias palavras na carta).

O tribunal decidirá com base em todas as provas.

Eu apenas me posso pronunciar dando o meu sentir. Se tiver concordado em ir para o quarto de algum homem e se gritar que afinal não quero e pedir para parar, só espero que esse homem pare de imediato e me deixe ir embora. Caso contrário é violação.

A partir de agora- visto a acusação estar cá fora – como disse CR7 a violação é um crime abjecto e não serve apenas negar veementemente nas redes sociais. É um crime abjecto. E se Ronaldo o cometeu é ele mesmo abjecto porque deveria ter ouvido o grito para parar. Até qualquer prostituta merece esta consideração.

Em bom rigor o caso deveria ter seguido para tribunal. E limpo o nome dele. Ou provada a sua culpabilidade.

Não foi e vai agora.

Se eu fosse esta mulher que diz estar aterrorizada e consciente do que tem sofrido, avançava (como o fez) com a queixa, mesmo nove anos passados, no momento em que o acordo foi exposto para o invalidar. Se se provar a culpa de Ronaldo pediria muitos milhões para apoio a vítimas de violação.

Até prova em contrário, em tribunal, com provas que não deixem margem para dúvidas, independente das opiniões de cada um de nós, Ronaldo está obviamente inocente.

Em qualquer dos casos a minha opinião pessoal não interessa nada.

Anabela Ferreira

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