Há que saber dar o sentido certo á praxe seja ela qual for. Logicamente que enquanto não forem proibidas, haverá sempre quem abuse da praxe porque pensam que são o excilibris do seu instituto/polo/universidade. Relembro os meus tempos em que fui praxado (infelizmente das duas vezes que mudei de universidade), em que também eu, tive boas e más praxes, no entanto, ambas não se vão esquecer.
As boas foram mesmo boas!! Galhofa, copos, brincadeiras com colegas de praxe sem serem, de algum modo, violentas fisicamente ou psicologicamente, eramos unidos e daí resultaram amizades quase para toda a vida. Os doutores foram os primeiros a dar a mão na questão de apontamentos, conhecer as pessoas, a própria universidade e cidade, incitavam o grupo de recém chegados a permanecerem juntos, dando a conhecer números de telemóveis e localização, doutores e caloiros, para que mais tarde pudéssemos estudar juntos ou beber um café. Tive mesmo quem muitas das vezes me avisasse (doutores) onde as troupes andavam e os melhores caminhos para regressar a casa sem problemas. Claro está, que não era só alegria e tínhamos de saber o código de praxe (fornecido em formato fotocópia), saber os nossos direitos como caloiros, o lema e grito de curso, olhar para o chão e não para os olhos de quem nos praxava, passar horas ajoelhado, as perguntas triviais, fazer certas brincadeiras que na altura não achava piada (hoje recordo com um sorriso)…. Mesmo na questão do traje, quando trajei pela primeira vez, como nos devíamos vestir, o que evitar,
Já em relação ás más, essas foram também mesmo más!! Recordo que tive um xô doutor com a mania, armado em carapau de corrida, que não sendo sequer do meu curso á porta de uma sala de aula, a gozar e a insultar-me verbalmente, completamente iludido que era o maior por ser amigo de um dux qualquer, por estar ensopado de lama e água da cabeça aos pés onde queria que eu faltasse á aula porque era uma vergonha estar no seu departamento nessas condições. Disse-me de tudo e foi a primeira vez que as coisas azedaram, no meu tempo de caloiro e..as coisas azedaram mesmo para o lado dele! Digamos que fui obrigado como pessoa a fazer-lhe frente e avisá-lo que estava a abusar e que a minha paciência tinha limites que não estava autorizado a ultrapassar. Os doutores do meu curso aperceberam-se e foram os primeiros a correr ao meu auxilio porque nesse momento já estava numa de o “esganar” e ajudaram a acalmar os ânimos e a mandá-lo embora.
Mesmo passado alguns tempos, esse xô doutor com uma dor de cotovelo, sem esquecer a minha cara e eu a dele, numa praxe conjunta, faz um amigo me requisitar para ser praxado pelo curso dele, ao qual os doutores do meu curso avisaram que já tinha havido problemas e para terem calma, pois apesar de não possuírem mais matriculas que esse xô doutor, se as coisas azedarem iriam intervir. Eu descansado, fui mas..as coisas azedaram a certo ponto, onde mais uma vez perdi as estribeiras com esse xô doutor, porque uma coisa é brincar, outra é humilhar, faltar ao respeito e haver qualquer tipo de incentivo a contacto físico, porque se pensa que se tem as costas quentes dos amigos. O que aconteceu é que mesmo com amigos xô doutores, nada lhe valeu e perdi as estribeiras..as coisas azedaram novamente para o lado dele. Onde recordo as ultimas palavras que trocámos:
Ele: “Não me esqueço da tua cara fora do instituto..”
Eu: “Deus queira é que eu me esqueça da tua”
Se eu já praxei?? Sim:
-”Caloiro vais buscar uma begeca e trás outra para ti se quiseres..toma lá dinheiro..Não gostas? trás um sumo que ainda te faz melhor..”conheces o outro pessoal, anda cá que arranjo-te pessoal, dá sempre jeito para te arranjar apontamentos.”
-”Faz uma serenata a esta senhora que é bonita, anda lá.”
Algumas brincadeiras, claro! A “ambulância”, “ri-me ..f..”, e coisas banais como conhecer as pessoas do departamento, etc. Ficando orgulhoso de mim mesmo uma vez quando passado 4 anos, uma pessoa me encontrar e me cumprimentar, trocar dois dedos de conversa e comentar com um colega “De onde o conheço? Este gajo praxou-me!! É um gajo impecável, 5 estrelas mesmo.”
Tudo depende da personalidade de quem praxa, da humildade e respeito que essa pessoa tem pelos outros, isto porque eu próprio já vi praxes estúpidas e onde colegas meus tiveram que interferir pois certos e determinadas valores estavam a ser ultrapassados.
Por fim, esta história realmente tresanda por todos os lados e uma coisa é certa, para brincadeiras deste tipo este Dux é tipo o xô doutor que encontrei, sem moral nenhuma. Por outro lado mais parvo é quem se sujeitou aquele tipo de coisas que se falam: pedras amarradas aos pés, perto da ondulação, frio e certamente bebida no estômago. Só podia dar asneira, era virar as costas ao xô Dux e se começasse a falar alto e com coisas, era dar-lhe um cházinho para acalmar!
O que se passou só esse xô Dux é que sabe e, se fosse em outro país, já estava no mínimo em prisão preventiva ou internado em qualquer lado, no entanto, como isto anda neste país, é mais uma mancha na justiça. Posso falar injustamente, mas deve ser daquele tipo de pessoas com as costas quentes de conhecidos.
Tenho pena dos pais das pessoas que faleceram nesta tragédia assim como pelos pais desse xô Dux, que certamente como todos tentam incutir o respeito, humildade, responsabilidade a um filho, e realiza este tipo de tragédia.
Estar calado neste tipo de situações é uma falta de respeito para os pais das vitimas assim como pelas vitimas. Amnésia? Pois pois, desculpem mas é como eu digo, esta história cheira mal por tudo quanto é lado!
Nota da Redacção: O texto que aqui publicamos é da autoria do nosso leitor Jorge, foi retirados de um comentário feito a um outro artigo do Noticias Online.
Pela forma como aborda o tema e pela forma como relata uma vivência pessoal considerámos de interesse para os nossos leitores o acesso a esta visão do tema que, fruto da tragédia recente, tem merecido enorme destaque na opinião pública, nos órgãos de comunicação social e nas redes sociais.
Chamem-me nazi da gramática, ou pior, se quiserem, acredito que um site de notícias que pretenda adquirir alguma credibilidade deve promover junto dos seus colaboradores uma revisão textual prévia à publicação. Não li o artigo na totalidade porque vi a sua credibilidade ferida de morte não pelo ponto de vista que se propunha a apresentar mas por um erro, que mais do que por negligência, insinua uma ignorância da língua portuguesa e latinismo. Alguém portador de um título atribuído por uma instituição de ensino superior deve ser munido de uma educação e saber superior, especialmente se é dada a essa pessoa a responsabilidade da escrita de um artigo de opinião. Excilibris não existe, qualquer revisor, mesmo automático, o dirá. A ignorância gera a confusão com “ex libris” (saído dos livros; figurativamente falando, exemplo primeiro; o melhor de um conjunto de coisas nas quais se inclui). O Jornalismo é ainda uma área das letras e das humanidades por muitas razões sendo a cabeça destas o facto de ser necessário saber escrever imaculadamente em bom português.
Que pena eu não ser tão inteligente como o sr. Edgar para fugir ao real assunto: praxado e praxador.
Tenha sido ou não praxe, já nem é disso que se fala. O que está em causa é a idiotice e imbecilidade das praxes, qualquer que seja a sua consequência.
Chamem o que quiserem ao que originou a “tragédia do Meco”, chamem-lhe tudo, menos “Praxe”. Não estava lá um único caloiro…logo não houve “praxe” alguma. Houve talvez uma “iniciação” de um qualquer “culto”, palerma e obscuro, como obscura estava, a cabeça de quem o praticou. O tempo o dirá, ou não…
Paz às suas almas e às conciencias que cá ficaram.