Portugal tem quase um milhão de desempregados, o ano passado todas as semanas dois mil e quinhentos portugueses foram obrigados a emigrar, centenas de milhar de pensionistas vêem as suas pensões espoliadas.
Tudo números grandes! Com este governo é tudo à grande, começa no número de assessores e consultores especializados, sendo que a única especialização que se lhes conhece e reconhece é o facto de terem um cartão de um dos partidos do governo. Termina na constante manipulação dos números para entreter e adoçar a boca ao pagode.
É tudo à grande! Andaram e andam repetidamente a dizer que os Portugueses viveram acima das suas possibilidades, não cortaram as famosas gorduras do estado, criaram desemprego, forçaram uma geração a emigrar, atiraram para a pobreza a classe média e para a miséria os pobres. Colocaram a maior parte dos pensionistas a terem de optar entre a farmácia e o supermercado. É tudo à grande, até a dívida pública é à grande, mesmo com o País a passar fome conseguiram que ela aumentasse quase vinte pontos. É de mestre!
À grande também é a falta de honestidade intelectual de quem nos governa. Se pensam que esta ideia peregrina dos sorteios do fisco saiu da cabeça de algum assessor estão enganados. O plágio mal feito tem origem num projecto original dum português chamado Manuel Londreira, inventor de São João da Madeira internacionalmente premiado tendo em 2011, juntamente com Vítor Dias, recebido no Salão Internacional de Genebra a medalha de bronze pela invenção “Equidade Fiscal”.
Resumidamente a “Equidade Fiscal” de Manuel Londreira e Vítor Dias previa através de um sistema informático a atribuição de 5 prémios diários no valor de mil euros em notas que seguramente podiam fazer a diferença para muita gente. Contas redondas significaria que o estado ia colocar mensalmente nas mãos dos portugueses. Dinheiro que sem dúvida, de forma quase imediata ia entrar na economia.
As mentes iluminadas resolveram plagiar, pela negativa, a ideia e vão sortear carros, automóveis, viaturas gama alta. Fantástico, como nós somos internacionalmente conhecidos como um País construtor das melhores marcas de automóveis esse sector vai ter uma franca expansão.
Esperem lá… Nós não temos marcas nacionais nesse segmento! Pronto, lá teremos de ir bater à porta da Sra. Merkel para lhe comprar uns Mercedes, uns BMW ou uns Audi em troca duns modestos duzentos mil euros mensais, mais coisa menos coisa. Com isto já estamos a gastar o dobro do que gastaríamos com a “Equidade Fiscal” com a agravante de que a massa vai para fora e não entra na nossa economia.
Não pensem que tenho alguma coisa contra as marcas que referi, antes pelo contrário, por exemplo no que diz respeito à Audi tenho um carinho especial. Acho que é uma marca simpática! Foi a única marca que vi ser solidária para com os motociclistas e simultaneamente criar emprego.
Quando algures no ano de 2011 vi um pobre motociclista chegar à Ajuda na sua lambreta e de repente darem-lhe um carro e criarem emprego para vários motoristas tomei a decisão de começar também eu a andar de lambreta e regularmente passar pela Ajuda na esperança que estejam outra vez a distribuir carros e motoristas mas não tenho tido sorte.
Vêem agora com esta ideia de os sortear… Magnifico! E quem é que alimenta os bichos? Então a malta anda aflita para pagar a conta do supermercado e querem dar-lhes carros? Deve ser para fazer galinheiros de luxo! Está-se mesmo a ver, os tais pensionistas que têm de optar entre farmácia e o supermercado começarem a ter mais uma variante… O carro.
Está-se mesmo a ver a malta que com alguma dificuldade leva uma sandocha de casa para comer ao meio do dia de trabalho começar a ter uma vida de elevada qualidade e em vez da sandes comer uma fatia de pão seco mas sentado num grande carro.
Além dos fabricantes dos carros quem mais irá ganhar com esta brutal compras de carros? Será que daqui a uns anos vamos ter mais um pseudo-processo pelas eventuais contrapartidas que em Portugal não vai ter culpados mas na Alemanha irá ter condenados?
Ontem um amigo recordou-me uma anedota sobre Alentejanos que aqui reproduzo com uma pequena adaptação. A anedota, de forma clara explica que há apenas um caminho e o caminho não é retirar dinheiro da economia nacional para o entregar às multinacionais. É preciso semear internamente!
Pedro Passos Coelho bate a uma porta num monte perdido no interior do Alentejo e pergunta ao agricultor…
– Esta terra dá trigo?
– Nã senhor – responde o alentejano.
– Dá batata?
– Tamém não!
– Dá feijão?
– Nunca deu um!
– Arroz?
– De manera nenhuma!
– Milho?
– Tá a gozar comigo?!
– Quer dizer que por aqui não adianta plantar nada?
– Ah! Se plantar já é diferente…
Começa a ser difícil encontrar palavras que qualifiquem a inqualificável falta de capacidade, a falta de bom senso, a incapacidade e a irrealidade do mundo em que vivem. Eles ainda não entenderam que o Povo está na miséria e não precisa de carros, precisa de dinheiro para viver. Eles ainda não entenderam que a economia precisa de dinheiro circulante e não de viaturas a circular.
Vamos chamar os bois pelo nome… O viscoso sorteio do fisco é uma falta de respeito por quem está a passar dificuldades.
PS: Não contem comigo para essa fantochada!
[…] Domingos Azevedo, bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC) ficou incomodado com a divulgação de que a Audi tinha ganho o concurso para o fornecimento dos carros que vão ser sorteados no viscoso sorteio do fisco. […]
[…] Domingos Azevedo, bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC) ficou incomodado com a divulgação de que a Audi tinha ganho o concurso para o fornecimento dos carros que vão ser sorteados no viscoso sorteio do fisco. […]
Muito bem senhor Jacinto Furtado. Muito esclarecedor.