Vamos chamar os bois pelo nome… O Panteão Nacional! (por Jacinto Furtado)

Salgueiro MaiaTinha de ser, uma vez mais, Salgueiro Maia a por um ponto final no “estado a que chegámos”. Há tipos que nem depois de mortos ficam quietos!

Irraaaa…!!!

Logo agora que o Parlamento andava tão entretido nas importantíssimas tarefas de agência funerária de luxo tinha de aparecer este tipo, outra vez, para atrapalhar o “normal” funcionamento das instituições do regime.

Manuel Alegre secundado por Vasco Lourenço deram o mote. Foram seguidos por mais umas quantas personalidades da vida pública vêm apelar à trasladação dos restos mortais de Salgueiro Maia para o Panteão Nacional no âmbito das comemorações do 40º aniversário do 25 de Abril. “Seria a homenagem nunca prestada ao herói do 25 de Abril” diz Manuel Alegre, “Seria uma forma digna de comemorar Abril” afirma Vasco Lourenço.

Mas… Mas… Será que estes tipos andam a comer sopas de cavalo cansado ao pequeno almoço? Homenagear o herói do 25 de Abril? Comemorar Abril? Disparate pegado!

Andou com tanto empenho o habitante de Belém a recusar a pensão a Salgueiro Maia e a conceder uma pensão por “serviços excepcionais e relevantes prestados à Pátria” a António Augusto Bernardo e a Óscar Cardoso. ex-inspectores da PIDE, um dos quais (Óscar Cardoso) directamente envolvido no assassinato de 4 civis na António Maria Cardoso, o único sangue que foi derramado no 25 de Abril. Anda o habitante de Belém tão empenhado a desviar atenções com condecorações.

Anda com tanto empenho o ocupante de São Bento na sua cruzada neoliberal a tentar acabar com tudo o que a partir dessa data foi sendo conquistado pelo Povo Português.

Andam os deputados tão empenhados a distrair o Povo com cerimónias futuras no Panteão Nacional.

Vêm agora estes artistas querer recordar Abril e homenagear heróis de Abril. Ora bolas, então isso é coisa que se faça? Assim sem mais nem menos querer recordar, quando os senhores mencionados andam a esforçar-se arduamente para ver se o povinho esquece.

Felizmente, Luís Montenegro, da forma coerente que seria de espectável duma figura do regime, com a inestimável ajuda vinda do além de Salgueiro Maia, veio por um ponto final nisto. Futebolistas, cantores, escritores (alguns), ainda vá que não vá, agora promover revolucionários à categoria de heróis? Alto e pára o baile!

“Creio que tem de se fazer uma reflexão interna no Parlamento e teremos de consensualizar um procedimento para avaliar este tipo de processos e sugestões de maneira a não descredibilizar o instituto que está aqui subjacente de atribuir a concessão de honras de Panteão Nacional a personalidades relevantes da nossa vida colectiva” disse Montenegro acrescentando a necessidade de “um procedimento que não faça desenvolver no país uma tentação de poder agora a cada semana ou a cada mês haver uma proposta para uma trasladação para o panteão nacional”.

Acho muito bem. Mas será que alguém me consegue explicar porque motivo esse procedimento não foi necessário com a aprovação relâmpago da trasladação de Eusébio para o Panteão Nacional, da mesma forma que não foi necessário com a aprovação da trasladação de Sophia de Mello Breyner?

Acho que sei a resposta! A resposta já está dada neste texto.

Vamos chamar os bois pelo nome… O procedimento revela-se agora necessário porque pensar em algo para o Panteão Nacional que fuja à mera propaganda do regime é contraproducente!

Um comentário a “Vamos chamar os bois pelo nome… O Panteão Nacional! (por Jacinto Furtado)”

  1. Ana Caldeira diz:

    Muito bom!

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