
A todos os heróis e heroínas que começam a vida obrigatória de escola, – não deixem que o sistema educativo mate a educação –
Numa reunião familiar, aos cinco anos, quando entrei para a vida académica fui confrontada com a habitual questão:
– Que queres ser?
– Prostituta, respondi intuitivamente
Mal sabia que essa seria a minha profissão. Vendo o meu tempo por dinheiro.
No tempo que durou e ainda dura a minha vida académica (já fora da academia com quatro dedos do pé e um dentro) a escola quase me matou a criatividade. Com sorte lutei por uma réstia de inteligência, para continuar a jornada à minha maneira, ao meu ritmo, ao meu gosto, como eu quero. Como deveria ser aliás, advogo eu há anos.
Quando a escola mata a criatividade é obrigatório que a educação nos venha salvar. Foi o que fiz por mim. A primeira não deve interferir com a segunda. Escolher Educação como matéria de estudo apenas se relaciona com a procura de mapas, para ajudar a encontrar um caminho futuro. O do presente está impregnado e ainda envenenado pela industrialização, o mercado de trabalho e o sistema competitivo do capitalismo.
É ser uma prostituta explorada e diminuída.
Ser prostituta no presente pode dar dinheiro – se for de luxo – mas não traz nem hábitos saudáveis de vida nem dá orgasmos felizes.
O meu delírio – vindo eu do planeta da educação e da criatividade – é que o sistema educativo se transforme para mudar a escola. Escola onde a criatividade seja valorizada. E a aprendizagem de disciplinas obrigatórias sobre vida em tribo, o amor, a bondade, a reciprocidade, a igualdade, a liberdade, a solidariedade, a economia sustentável, (incluindo gestão de salário mínimo para sobrevivência em Portugal), política da não conformidade, a alegria e todos estes aparentes lugares-comuns que são isso mesmo no entanto são verdadeiros “influenciadores” (usando jargão das redes ),infelizmente desconseguidos como disciplinas comuns. Num pote com a inclusão de todas as artes.
Esperanço do verbo esperançar ver a educação provocar a última revolução capaz de derrotar os que nos merdificam a vida.
Porque todo o crescimento se faz em silêncio, a educação poderá ser a vingança silenciosa, sinal de evolução de uma tribo. Pode ser que um dia a educação nos faça abandonar o inferno e nos leve a criar o céu que carrega a poesia que nos pariu. Quem sabe eu deixe de ser prostituta para ser só criativa.
Como todos os que entram agora para as suas academias de aprendizagem e crescimento. Não deixem matar a vossa criatividade nem a educação que precisam, que vos leva a se tornarem adultos de vida plena.
Oxalá.
Anabela Ferreira
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