Esta é a história dos encalhados da vida. Filhos, pais e sociedade.
Quando leio sobre o jogo dos 50 desafios a que deram o nome da coitada Moby Dick mas azul – as que se suicidam- apetece-me saltar directamente para o último desafio.
Aos adolescentes apetece fechá-los num armário blindado com livros de filósofos gregos e só abrir a porta quando completarem vinte cinco anos e puderem votar em consciência.
Aos pais que não estabeleceram o elo de confiança com os filhos, imprescindível para serem pais credíveis, apetece interná-los compulsivamente.
Ao mundo psicótico e doente apetece fechar a porta e deitar a chave no espaço.
Volta-me a vontade de me mutilar – não gosto de filmes de terror às 04:20 da manhã e sou demasiado desobediente para respeitar ordens de um “curador” num jogo de psicopatas que faz chantagem e inspira medo.
Gostavam que com estas situações fossem verdadeiramente desobedientes.
Os adolescentes são por defeito “alliens”que grunhem, que se arrastam, que nunca ouvem, alheados do mundo familiar, que se escondem dos pais – por destes se envergonharem- com as hormonas destrambelhadas e seguidores obedientes e cegos de modas. Naturalmente vinda da compulsão de pertencerem a um grupo. Nem que seja a um grupo de parvos…mas é esta a evolução ou a selecção natural…sei lá.
Para serem amados e aceites pelos outros perdem a consciência de si próprios até ao limite da própria vida.
São sujeitos vulneráveis sujeitos a excentricidades a precisarem de um “curador” na maior parte das situações. Dos pais e das famílias que parecem ter-se tornado espécies em vias de extinção nos dias que correm.
Cedem lugar a este “curador”(o nome já dá náuseas nas entranhas) desconhecido que vem acoplado a um jogo para atrasados mentais que tem ascendente e poder sobre as suas vidas. Tudo isto é um caso de desafio para nós e para a polícia.
Pais e filhos “abram as pestanas” estamos a ser comidos e vomitados. E o vómito cheira a cadáveres. Vivemos de um modo pouco natural, desligados da natureza humana que pede conexão e proximidade.
Ou então a natureza arranjou-nos um encontro com a selecção natural: os atrasados mentais para um lado, os idiotas lobotomizados versão 2.0 para outro, os desligados para outro. De qualquer maneira morreremos todos mas sempre é mais simpático morrer de AVC do que a cumprir a seca interminável de 50 desafios – nenhum deles é a lavar a loiça ou a arrumar o quarto – de auto-mutilação, onde entregamos o poder das nossas vidas, das nossas escolhas e respectivas consequências a um “curador” que se regozija na ponta dos dedos, observando a nossa decadência.
Este é um jogo sado-masoquista sem cintos nem sexo. Menos ainda com prazer. Estamos resumidos a este fado dorido com um dó maior.Tornámo-nos baleias encalhadas na solidão, na falta de tempo para ouvir os outros, para abraçar os outros, para cuidar dos filhos. E para os internar de imediato aos primeiros sinais da doença da obediência cega seja ao que for, venha de que curador vier.
Vivemos num manicómio suspenso na Via Láctea. Dizia Einstein que ” o Universo e a estupidez humana são infinitos mas ainda não tinha certeza sobre o Universo”. Com este mundo de encalhados da vida, a segunda está cientificamente comprovada.
Deixo um pedido final aos encalhados na adolescência: se querem ser mongos das modas e dos desafios, joguem Super Mário e Pokemongo. Não envolvem risco de vida. São apenas parvos.
Aos pais encalhados na vida de escravos do trabalho e do dinheiro, passem mais tempo a ver Peppa Pig com os filhos.
Aos encalhados que nos fazem viver esta vida desligada da nossa natureza, espero que sejam apanhados na primeira fila pelo armagedão.
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