O sabor agridoce da “justiça”! (por Jacinto Furtado)

Carlos Cruz
Será noticia de abertura de telejornais e noticia de primeira página na maioria, senão em todos, os jornais de amanhã, “Carlos Cruz foi libertado”, nos jornais online e nas redes sociais já assim é.

Muitos irão afirmar que se fez justiça, finalmente fez-se justiça, outros afirmarão que não, afirmarão que não foi feita justiça nem nunca será feita. Embora alguns dos que dizem que nunca será feita justiça o digam por motivos diferentes, é neste grupo que lamentavelmente me incluo, no grupo daqueles que sabem que não foi feita justiça e que, pelo comportamento corporativo dos tribunais, pelos interesses instalados muito dificilmente essa em momento algum será feita.

Não é por acaso que no online uma das expressões mais usadas é a de que Carlos Cruz venceu o recurso. Não é verdade, Carlos Cruz não venceu o recurso, o acórdão do Tribunal da Relação deu provimento ao recurso. O que Carlos Cruz venceu foi a tentativa de o vergar, venceu a nova forma de Tribunal do Santo Ofício a que chamam Tribunal de Execução de Penas que quis obrigar Carlos Cruz a mostrar arrependimento o que, dito por outras palavras, quis obrigar a confessar crimes que este sempre afirmou não ter cometido e, pelos quais, só foi condenado com base numa novicíssima figura jurídica, “criada” em especial para este processo e usada em exclusivo neste processo, a “ressonância da verdade”.

Séculos atrás Galileu também foi confrontado com a necessidade de confessar um crime que não cometeu. Teve, para salvar a vida de afirmar que a Terra não se movia!

Eppur se muove

Carlos Cruz não cedeu à Santa Inquisição. Sabe que não cometeu nenhum crime e sabe que jamais se pode arrepender de crimes que não cometeu.!

Sim, Carlos Cruz venceu! Mas não foi um recurso que venceu, venceu a luta contra uma máquina decrépita enredada nos seus próprios erros que não consegue, nem quer, corrigir.

Carlos Cruz não venceu a guerra contra a maquinação de que foi vitima, venceu apenas uma batalha, uma batalha importante que lhe devolve a liberdade que lhe foi roubada. Terá agora pela frente a continuação das restantes batalhas, aquelas que no final o levarão a vencer a guerra, uma guerra no dia em que finalmente for feita justiça e o seu nome ilibado da fantochada em que foi envolvido.

Um comentário a “O sabor agridoce da “justiça”! (por Jacinto Furtado)”

  1. Álvaro Dias do Rosário diz:

    A verdade já é conhecida ,os próprios acusadores já confessaram toda a tramoia ,agora a justiça está mesmo em muitos maus lençóis !Quem vai indemnizar Carlos Cruz ???e repor a verdade ???

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