Este sábado o Altice Arena recebeu Júlio Iglésias num espectáculo integrado no Tour 50 Anos. Sala cheia e ao rubro para receber o espanhol de 75 anos e 50 de carreira, mas o calor da noite começou mais cedo, com a actuação dos portugueses The Spell.
Começou o calor da noite, permitam-nos a aparente contradição, com a frescura com que, os jovens elementos que compõem o grupo The Spell, contagiaram o público presente no Altice Arena. A energia dos miúdos transforma o difícil género musical que praticam em algo que, aos ouvidos do público, fica a parecer simples o que será sem dúvida a suprema qualidade e genialidade dos artistas.
Os The Spell, começaram a sua carreira em 2015 tendo, no ano seguinte vencido o concurso Acapella promovido pela RTP e gravado o seu primeiro disco com a etiqueta Sony Music Entertainment Portugal.
Tem sido digna de relevo e destaque a carreira internacional deste grupo nacional, desde logo a participação, por dois anos consecutivos (2018 e 2019) no Moscow Spring Acapella International Festival tendo, no presente ano, sido vencedores do Audience Choice Award. Ainda em Moscovo, antes de saberem que tinham sido vencedores do prémio referido, foram recebidos na Embaixada de Portugal pelo Embaixador, Paulo Vizeu Pinheiro, a quem cantaram e a quem encantaram com alguns dos seus temas.
Entre outras iniciativas participaram também no BVocal Acapella Festival em Saragoça e na Volvo Ocean Race como banda convidada.
Regressemos ao Altice Arena e ao banho de multidão que, injustamente, os The Spell não tinham desde Moscovo. Os promotores nacionais têm de aprender a valorizar o que é produto nosso, não faz sentido termos talentos que são, justamente, conhecidos e reconhecidos fora das nossas fronteiras enquanto, dentro das nossas fronteiras continuamos a privilegiar o que vem de fora. O desempenho deste jovem, mas muito maduro grupo, certamente terá a virtuosidade de nos obrigar a pensar nas apostas feitas e na escolha das oportunidades.
Permitam-nos os leitores a liberdade de expressão que iremos usar ao afirmar que ficámos na dúvida se foram os The Spell que fizeram a abertura do espectáculo de Júlio Iglésias ou se terá sido Júlio Iglésias quem fez o encerramento do espectáculo dos The Spell.
Utilizámos a palavra liberdade no parágrafo anterior e, por referir liberdade vamos a notas finais sobre a noite de ontem. Uma nota muito positiva para os produtores portugueses do evento que tudo fizeram para minimizar as dificuldades levantadas pelos produtores espanhóis ao trabalho da comunicação social no local. A nota negativa aos espanhóis começa, desde logo pelas enormes limitações de movimentação impostas e completa-se com a localização, única, onde foi permitido aos repórteres permanecerem e recolherem imagens. Salvo o devido exagero, quase ao nível de recolha de imagens intergalácticas.
Certamente a culpa não pode ser atribuída a Júlio Iglésias, mas sim à sua equipa de produção que, como se especulava no local, não queria planos fechados do septuagenário cantor para não ser muito visível o seu rosto e os normais, naturais e saudáveis sinais de envelhecimento. É, de certa forma, triste quando não se permite a alguém um final de carreira com a dignidade que essa carreira teve toda a vida.
Depois das notas finais uma mensagem final.
Julito déjate de mariconadas, arrugas en la cara son solamente señal de vida vivida y no más que eso. Son buenas, son saludables y además son marcos de experiencias pasadas. Acá tenemos una cantante, se llama Simone de Oliveira, ya tiene sus 81 años, pero tiene un orgullo muy ancho en sus arrugas y ni pensar en quitar o ocultar eses sus trofeos. A la mejor piensas el mismo y no te ocurre lo que hace, o no deja hacer, la gente tuya, pero, al final, es tu responsabilidad lo que hace o no hace la gente tuya.
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