Ora viva, venham comigo para dentro de uma chávena.
De política e história.
A ultra direita conservadora, nacionalista e religiosa
É muito interessante observar como a política e quase todos os assuntos da conta corrente da vida se transpuseram para o palco das redes sociais e grupos do whatsapp.
Não apenas no caso dos países cujo índice de desenvolvimento humano é mais baixo, nos lugares do mundo virado de pernas para o ar, cujo sangue escapou pelo ralo, onde as igrejas evangélicas têm força política e social, nos países Cristãos e países mais desenvolvidos.
Pode faltar o pão, mas não falta uma igreja evangélica a doutrinar e a pedir o dízimo. Ou um padre ou ministro a aprofundar o moralismo, o conservadorismo, o nacionalismo e o medo.
A política deixou de ter regras, limites, ou sequer pensamento ideológico.
A esquerda anda perdida no labirinto, comida que foi pelo conglomerado de interesses que invadiram, destruíram o tecido crítico e possuem as classes que trabalham como propriedade.
Estes ainda oprimem tal como quando começou o colonialismo, a escravatura e o capitalismo no século XV, numa Europa saída da Idade das Trevas com o peso da Inquisição.
Conversemos sobre a política da direita. Interessa-me muito observar este movimento transversal no mundo. A subida do pensamento moralista da extrema-direita conservadora que tem vindo a vingar e corre no rio imaginário que atravessa a América de Norte a Sul, cruza a Europa de leste ao país mais ocidental, Portugal.
Em miúda cresci num ambiente de casa com diversas valências, entre uma avó fervorosamente católica e um avô ateu, num país de extrema-direita, colonialista e racista, ultra-conservador, cujo nacionalismo cristão se encontrava enraizado nos valores “Deus, Pátria e Família” professando a alienação do seu povo nos três F´s.
O big-brother eram os vizinhos, a PIDE e a Igreja.
O meu avô deixou-me ler tudo o que eu queria e eu lia também tudo o que ele me aconselhava, como o livro “Porque não sou Cristão” de Bertrand Russel quando comecei a fazer perguntas sobre a religião.
Alguém que é livre de amarras religiosas pode adentrar-se sobre todos os territórios, sem medo, compreendi.
No final das leituras tínhamos sempre uma sessão de P&R (perguntas e respostas) entre os dois, que podia durar uns dias. Foi nessas sessões de leitura e questões que deixei de ser Cristã.
Passei a olhar com ar desconfiado os ensinamentos das religiões e ao que estas provocam de dissociação cognitiva no desenvolvimento humano por diversas eras, até hoje.
Os valores misóginos, ultra-conservadores, racistas, nacionalistas, camuflados de Cristianismo e Deus estão agora enraizados, e capturaram o sentido da vida na ideologia da extrema-direita.
Sejamos honestos, a religião não é nada disto. Por interesses de poder e domínio inventaram-na assim.
Estes valores tratam-se de política e ideologia. De doutrinação dogmática da mais feia e imbecilizante, porque manipuladora.
É aqui que entra o credo “senhor, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”, poderíamos pensar como Cristãos. Desenganem-se os incautos. Eles sabem bem o que fazem.
Quando entrarem em putrefacção nada neles sobreviverá, como pensava Bertrand Russel.
Porque enquanto estiverem vivos, tenho a certeza que conscientemente não vão partilhar a moral e a ética ou o virtuosismo demonstrado na bondade de Cristo, sob o nome de quem está fundada a Igreja de Roma e as Igrejas Evangélicas que hoje absorvem os candidatos da extrema-direita conservadora, dominando a expansão desta ideologia.
Na minha educação, que fugiu aos parâmetros do Portugal religioso antes de 1974, acabei por me tornar uma ateia nada cristã no sentido puro de Santo Agostinho ou Tomás de Aquino (este último considerar-me-ia uma gentia e herege).
Gosto de misturar elementos das religiões tradicionais africanas, do Budismo, do nada com o conselho de anciãos a criar a causa primordial de Russel – nada criou nada nem ninguém.
Ou será que uma deusa, preta, criada por pó de estrelas, que num momento de distracção em dia de menstruação, foi assaltada por um ser diabólico, narcisista num surto de uma psicose “borderline” fazendo uma parte de nós à sua imagem e semelhança, deixando a deusa encostada às cordas?
Deusa essa que inventou um ramalhete com o seu exército em artimanhas nos terreiros, nos grupos new age (que eu chamo xalálás), e até nos ateus para combater o “non sense” da doutrinação política da ultra-direita, que só prejudica o desenvolvimento humano
Estamos em tempo de guerra de guerrilha nas matas do whatsapp, de combate em golpes baixos no tiktok, de tácticas de manha no telegram, de cowboys contra índios em terras empoeiradas em saloons do facebook.
O wild wild west ( www ) que mais que nunca nos uniu e também fez a ascensão de Trump, de Bolsonaro, de Viktor Orbán, de Ventura, de Le Pen, de Boris Johnson, e recentemente de Meloni todos do mesmo gang de radicais religiosos. Nas redes não há regras, nem ética, nem princípios.
Cristo e Deus são usados como escudo, como arma e como razão.
O mesmo princípio se aplica aos países com outros radicalismos religiosos.
Esta guerra de guerrilha sem ética fala a linguagem das emoções, da violência, das conspirações, dos radicalismos, dos ódios, do inferno, do medo, a linha da linguagem das religiões de um passado tenebroso, usada pelo ultra-conservadorismo de direita fascista, sempre que a Igreja-política precisaram radicalizar, dividir, criar medo, conspirar e ser violenta ( como contam os factos do passado), em contraponto à linguagem de programas, de ideias, da razão pura ( de Kant).
É este grupo da direita ultra conservadora que hoje tem peso na América e por todo o lado. Um gang de mercenários movidos a interesses, reunidos num conglomerado de marcas que desestabiliza unilateralmente o mundo de norte a sul e vai vendendo os seus princípios.
Hoje, tanto a atitude do Trump quanto a do Joe (da América de cima) faz-me perceber o quanto este último está também ligado ao gang ultra-conservador da direita nacionalista religiosa, que capturou a política que influencia o Jair da América de baixo, que influencia os demais do pacto do atlântico norte e da manipulada Europa, transformada em Inferno de Dante por vontade e manipulação dos demónios em surto psicótico, à semelhança e imagem de Deus.
Russel diz que se perdemos tempo com o fundamentalismo dogmático da existência de Deus para controlar a vida, isso se deve à nossa “pobreza de imaginação”.
Saibamos que a ignorância nunca foi boa conselheira.
É que essa esperta extrema-direita moralista e conservadora tem imaginação, sabe usar a manipulação religiosa e a Bíblia sem sequer acreditar no que apregoa e nas histórias versadas no livro, criadas pela pobre imaginação humana.
Não se discute a fé, mas pode-se e deve-se discutir a manipulação que vem da mentira.
Abram os olhos aqueles que cristalizaram nos apoios aos políticos por quem foram capturados.
A sermos cristãos, sejamos puros como no coração de um certo Cristo, digo eu mulher sem fé. Se existiu lembrem-se da história de ter corrido com os vendilhões do templo à paulada – os cowboys do wild wild west da extrema direita ultra conservadora de hoje que faz aparições nos evangélicos ou nas múltiplas igrejas que usam o nome de Deus só para manipular.
O que se passa na nossa era com esta ultra-direita moralista, conservadora, capitalista, racista, misógina, anti-diversidade e anti-humana, nada tem a ver com religião.
É política de guerrilha. Ao mais baixo nível.
Anabela Ferreira
BRILHANTE!BASTA ME ESTA PALAVRA!