O meu desabafo hoje é sobre este “brave new world”distópico contemporâneo – o estado de vigilância, securitário e todos aqueles chavões onde incluo racismo, divisão e fascismo.
Eu quero uma força policial que seja ensinada a não matar cidadãos. Quero uma força policial que ao atirar sobre um ladrão, criminoso ou bandido em fuga, que não acata a ordem de parar, ou outra situação possível imaginária se lembre – dois pontos parágrafo travessão – ainda (ainda) temos a Lei e o Direito para servir de julgamente e punição sobre as acções dos cidadãos – sejam ou não bandidos e até prova em contrário.
Parece-me senso comum, cliché ou estarei em dissonância cognitiva? Não é nas mãos de uma força policial – que eu quero informado, educado e não psicopata com uma arma nas mãos, achando-se dono da vida e da morte, um deus musculado a atirar à queima-roupa, qual justiceiro ou quiçá cowboy que tem por intenção atirar para matar que eu quero ver representado o Estado de Direito e a Lei.
Ter-se-à esquecido o agente da autoridade que pode atirar ao pé de um malandro bandido só para interromper a fuga, por exemplo? Digo eu que não sou profissional da área nem nunca toquei numa arma (que sei ser a diferença do segundo entre a vida e a morte – o tal complexo de Deus) nas mãos de pessoas pouco educadas. Sobretudo se o desobediente às ordens policias de parar for preto. Ou essa é a agenda da formação? Atirar a matar sobre aquele que tiver essa cor? Ser força policial é ser um deus justiceiro. Quem quer saber de Lei? Não, na Polícia não se quer saber do assunto?
Devo começar a ter muito medo das força policiais que dentro do primado da Ordem e da Segurança devem agir em minha defesa contra o crime? E se desrespeitarem o princípio, quero lá saber? Ou será que…precisamos de “robocops” e ss´s polícias como os estados totalitários cuja poder advém precisamente dessas forças?
O resultado é quando um cidadão comum como eu percebe um tratamento desigual, o uso desproporcional de força (como no caso da Cláudia Simões e tantos mais) contra um homem chamado Odair e um outro qualquer bandido de cor de pele clara (branco) à resposta policial, o que é que vou pensar?
Pois…é isso…
Vou pensar que as forças de segurança estão infiltradas por racistas e fascistas, vou pensar que a hiena desventura chegana está-se a rir imenso ao ganhar terreno ao desensinar as conquistas modernas do Estado de Direito e Democrático. da Democracia (quão vazia é hoje esta palavras) e da Liberdade? Quem quer hoje mais polícia musculada nos bícepes e no gatilho que nos neurónios?
Quanto mais inchada deste músculo estiver a Polícia mais e melhor o Estado protege a sua agenda securitária do tal “brave new world” contemporâneo. Já sabemos…
Andamos aqui uns quantos a tentar buscar um lugar de paz e pôr fim ao racismo (peró que lo hai lo hai) e lá vem esta gente bizarra fazer o contrário. Se não são racistas, mostrem-nos nos actos. Eles têm afinal é vergonha de dizer o que pensam…
Qualquer dia vejo as forças policiais que servem para manter a Ordem e a Civilidade sem disparar a matar, a usar a arma de fogo para nos conduzir ao cadafalso enquanto as hienas regressam ao passado e fazem um pic-nic para observar o circo. Já faltou mais. Mas como forma de atirar areia para os olhos dizem que os outros estão a ver mal, são “wokes” – “agora também, tudo é racismo”…
Assim com esta agenda podre não há paz que se conquiste nem divisão que não se aprofunde. Se o que aconteceu ao “bandido” Odair – um disparo à queima roupa para matar que, não sei sequer se é bandido e até pode ser, porque de facto os há de todas as cores e credos – não foi movido a puro instinto racista e/ou educado para ser racista, alguém me explique como se eu tivesse cinco anos.
No caminho alguém me responda também se a revolta é desproporcional à força usada. Faz-me lembrar uma questão que se aplica aqui e no genocídio a Oriente – aquele que tanto “cutuca” a onça que quando ela se levanta e com a pata tira um olho ao chato que a acordou esperava a onça não se aborrecer?
Esperava e sabia que podia ficar sem um olho. Era se calhar isso que queria para poder reunir forças de vingança à sua volta “olha a onça é um bicho malvado”…
Anabela Ferreira
Sempre assertiva.
Mantenhas di ermondadi e di luta desde margem sul do Tejo