José Eduardo dos Santos garante apoio ao BESA (Banco Espírito Santo Angola)!
C U M P R A – S E!
É assim mesmo, em maiúsculas e com espaços entre cada letra, que termina a garantia do Estado angolano ao Banco Espírito Santo Angola, a que o Expresso teve acesso e que hoje torna pública pela primeira vez em exclusivo.
Luanda já tranquilizou assim a corja do Governo português: a garantia não está sujeita a condições. É a valer. É simplesmente espantoso !
Os recursos naturais de Angola são tão valiosos e a natureza do regime político nada democrática, ou melhor dizendo sem subterfúgios, de natureza ditatorial, que quer o petróleo e a produção diamantífera, quer a própria natureza concentracionária do regime político permitem tomar decisões com elevados níveis de eficácia e sem contestação e/ou controle democrático relativamente aos objectivos pessoais e políticos (que se confundem no Estado angolano) e, assim, apoiar os grupos económico-financeiros amigos do regime personificado em Zé Kitumba dos Santos.
Tudo isto é feito com total desprezo pelos recursos naturais do país, da oposição e, mais grave, da população em geral que, na sua esmagadora maioria (68.5% de acordo com os dados de 2013 do PNUD), não tem acesso aos bens básicos de suporte à vida: água, alimentos, saúde, educação e muitos outros etc que o regime déspota de Zé Kitumba dos Santos – amigo do GES-BES e de Ricardo Salgado em particular – tem cultivado ao longos destas últimas três ou quatro décadas.
E essa relação construída pela teia de interesses e de cumplicidade entre o ditador de Angola e Ricardo Salgado, não se estabeleceu apenas porque o Grupo Espírito Santo desenvolve as suas actividades nos diversos domínios da economia angolana, incluindo na área diamantífera através da sua subsidiária ESCOM, mas principalmente porque o BES Angola tem sido o principal canal usado pelo ditador para lavagem de dinheiro subtraído ao erário público, fazendo-o com esmerada eficácia através dos offshores do Grupo Espírito Santo, assim como do resto da camarilha, orientada pelo ex-presidente do BESA, Álvaro Sobrinho, homem de mão em Angola de Ricardo Salgado e simultaneamente da entourage de Zé Kitumba dos Santos, que «durante a sua gestão e na qualidade de presidente da comissão executiva (2002-2013), se dedicou a distribuir créditos de valores astronómicos à nomenclatura, maioritariamente a conhecidas figuras do regime angolano, incluindo vários membros do Bureau Político do MPLA». Acresce ainda o facto de que desde, 2013, «o presidente do Conselho de Administração do BESA é um membro do Bureau Político do MPLA, António Paulo Kassoma, que já exerceu os cargos de primeiro-ministro e presidente da Assembleia Nacional», como detalha aqui o activista cívico e jornalista Rafael Marques.
Tudo boa gente! Do que não há dúvidas, é que se Zé Kitumba deixasse cair o BESA, seria o mesmo que atirar a porcaria contra a ventoinha, porque tudo viria à superfície e ele ficaria exposto de forma muito clara no que se refere à contínua roubalheira e à sua colossal fortuna escondida nos offshores. Claro que para isso não acontecer, usou o dinheiro suado dos angolanos para cobrir-se com um lençol já muito roído pelas traças da corrupção desenfreada, e que já não o cobre por inteiro. Parafraseando a propósito um conhecido economista angolano cujo nome me abstenho aqui de revelar, ele «tem que escolher entre cobrir os pés ou a cabeça». E qualquer que seja a opção, isso significará que o BESA acabará por ser da sua filha Isabel dos Santos, e também com a injecção de capital por parte do Estado angolano, ficando a «mulher mais rica de África» ainda mais milionária sem investir um tostão. É para isso que serve ter um pai presidente num regime ditatorial e dum obsceno Estado nepótico, como tem servido até aqui. É preciso compreender, de forma aprofundada, a finalidade e o alcance final do Despacho presidencial. É no saque que está o ganho, para além de o segredo da roubalheira do gangster-presidente continuar protegido.
Por Telmo Vaz Pereira
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