O Povo é quem mais ordena

Cinquenta e Um anos!

Passaram 51 anos daquela madrugada que todos esperavam, daquele dia inicial inteiro e limpo como escreveu Sophia de Mello Breyner Andersen. Aquela já longínqua madrugada em que, como diz a letra escrita por Zeca Afonso e que serviu de senha ao início da operação militar, passou a ser o Povo quem mais ordena.

Não tenhamos ilusões, também Zeca Afonso nos avisou para termos cuidado e não lhe franquearmos a porta porque se nos enganássemos com o seu ar sisudo e lhes franqueássemos a porta à chegada eles comeriam tudo e não deixariam nada.

Temos andado a facilitar e a permitir que as instituições sejam tomadas de assalto por poderes não eleitos. Poderes que, na sombra, aproveitam a porta franqueada para irem condicionando e subvertendo a vontade popular. Exemplo disso o golpe de estado palaciano executado em dezembro de 2023 pela anterior Procuradora Geral da República, Lucília Gago, tendo contado com a preciosa colaboração de Marcelo Rebelo de Sousa.

Na mesma linha, embora com uma estratégia diferente, mantêm-se Amadeu Guerra. Talvez devido à proveta idade já não está para golpes de estado usando as averiguações preventivas como forma de alerta e condicionamento dos principais actores políticos passando a mensagem “batam a bolinha baixa porque nós, quando quisermos, atiramo-vos para a lama”.

Estou a desviar-me do tema sobre o qual me propus escrever, as comemorações do quinquagésimo primeiro aniversário do 25 de Abril, como este número incomoda aqueles que nunca perdoaram o dia do nascimento da liberdade e da democracia em Portugal.

Alcandorados na morte de Francisco, o Papa humilde, bem disposto, amante da liberdade, da fraternidade e da igualdade. Um defensor da democracia sem reservas e sem limites. Os putativos beatos aproveitaram asquerosamente a morte de Francisco para, contrariamente a tudo o que este defendia, tentarem anular o 25 de Abril, tentar anular as comemorações de Abril.

Abril, embora continue por cumprir, não se adia, não se suspende, não se interrompe. E e será sempre, sempre, sempre nosso ou, parafraseando o Papa Francisco, Abril é de todos, todos, todos. Nada nem ninguém nos pode, nem vai, tirar Abril. Nem a pandemia o conseguiu muito menos conseguirão estes protofascistas.

Nas ruas o Povo mostrará que Abril é seu, Abril é do Povo todo, todo, todo.

A fascista Italiana, pasmemos, mantém, as comemorações do fim do fascismo em Itália e os nossos fascistas, de trazer por casa, querem suspender o 25 de Abril atropelando tudo e todos em particular a laicidade do Estado.

Não, não passarão! Francisco morreu, viva Francisco mas viva também o 25 de Abril que não morreu nem vai morrer.

É na rua que se mostrará quem ordena em Portugal e, em Portugal É O POVO QUEM MAIS ORDENA!

Jacinto Furtado

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *